Cristo, sempre presente na sua Igreja

quinta-feira, 9 de setembro de 2010
  Cristo, sempre presente na sua Igreja 

Vimos, no artigo passado, que a Igreja é sacramento de Cristo, sinal real, eficaz de sua presença. Agora perguntamos: onde, em que momentos Cristo está presente na sua Igreja?
Para compreender bem isto é necessário recordar o que vimos no artigo passado: Cristo está presente na Igreja pela potência do Espírito Santo: ele partiu para o Pai, mas nos deu o seu Espírito, que é sua própria vida ressuscitada, sua energia, sua potência salvadora, sua força no caminho. É assim que ele, na Glória, age continuamente sobre nós e em nós: “Eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Paráclito, para que convosco permaneça para sempre” (Jo 14,16). “Eu vos digo a verdade: é do vosso interesse que eu parta, porque se eu não for, o Paráclito não virá a vós. Mas seu eu for, enviá-lo-ei a vós!” (Jo 16,7). É isto que significam aquelas palavras da Escritura: “Eu sou a videira. Todo ramo em mim que não produz fruto ele o corta... Permanecei em mim, como eu em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanece na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim. Ei sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto; porque, sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,1-5). Vejamos bem: Jesus imagina nossa união com ele não simplesmente como um afeto, uma emoção, um sentimento, uma lembrança, uma união de ideal e de ação. É algo muito mais forte e real: ele quer que sua vida ressuscitada, gloriosa, esteja em nós; ele deseja que nós, realmente, vivamos nele, dele e por ele! Por isso a alegoria da videira: como os ramos vivem da seiva do tronco, nós vivemos da seiva de Jesus. Esta seiva é o Santo Espírito. Sem ela, não há Igreja, não há vida de Cristo para nós! Sem o Espírito agindo constantemente na Comunidade dos discípulos, a Igreja seria somente a Fundação Jesus de Nazaré, ou o PJN: Partido de Jesus de Nazaré, um personagem do passado, vivo somente na nossa lembrança! Mas, não é assim: os cristãos, membros da Igreja, estão enxertados em Cristo, são com ele uma só coisa, vivem a vida dele! São Paulo ensina a mesma coisa com outra imagem: “Ele é a Cabeça da Igreja, que é seu corpo (Cl 1,18). (O Pai) o pôs acima de tudo, como cabeça da Igreja, que é seu corpo” (Ef 1,22). “Há um só Corpo e um só Espírito, assim como é uma só a esperança da vocação a que fostes chamados; há um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos!” (Ef 4,4-6). “Ele (Cristo) é que concedeu a uns ser apóstolos, a outros profetas, a outros evangelistas, a outros pastores e mestres, para aperfeiçoar os santos (os cristãos) em vista do ministério, para a edificação do Corpo de Cristo” (Ef 4,11-12).
Em todos estes textos aparecem de modo claro algumas idéias importantes:
1) Cristo é Cabeça da Igreja. Para a medicina do tempo de Paulo, a cabeça dava vida, crescimento, harmonia e direção ao corpo. Paulo pensa Cristo exatamente com esta função capital (=capital, do latim caput = cabeça). Os teólogos da Idade Média falavam até em graça capital: a graça que Cristo Cabeça (caput) derrama sobre o Corpo, que é a Igreja!
2) Cristo Cabeça age no seu Corpo, que é a Igreja, pela energia, pela potência do seu Espírito Santo. Assim ele, do céu, onde está à direita do Pai, enche continuamente o seu Corpo com a sua vida divina, com a sua força, fazendo-o crescer, permanecer unido e no caminho certo. O Espírito é a Presença de Cristo entre nós e em nós!
3) Este Espírito que torna o Cristo presente e atuante na Igreja, dá aos discípulos a santidade de Cristo, fá-los permanecer firmes na única fé e numa só esperança, suscita os vários ministérios e carismas... tudo para que a Igreja vá sendo edificada cada vez mais como Corpo do Senhor e possa crescer sempre mais na direção do Cristo Cabeça.
Então, podemos concluir algo importantíssimo: toda a vida da Igreja, tudo quanto ela faz, tudo que ela é, está impregnado do Espírito Santo e, portanto, da presença do Cristo Ressuscitado. Ele age sempre na Comunidade de seus discípulos. Em certo sentido, tudo na vida da Igreja é um sacramento de Cristo. Eis alguns exemplos:
- Cristo está presente na Comunidade reunida para rezar, para refletir e, sobretudo, para celebrar a Eucaristia: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome...”
- Está presente na Comunidade que evangeliza e anuncia o Senhor: “Ide! Eu estarei convosco...”
- Está presente nos irmãos, sobretudo nos mais pequeninos e necessitados: “O que fizerdes a eles, a mim o fizestes”.
- Está presente na Palavra santa proclamada, meditada, partilhada e sobretudo anunciada e comentada na homilia da Celebração eucarística: “A Palavra se fez carne e habitou entre nós!”
- Está presente nos ministros sagrados, sobretudo naquele que preside à Eucaristia, o Bispo diocesano e seus presbíteros: “Quem vos ouve a mim ouve, quem vos recebe a mim recebe”.
- Está presente no Bispo de Roma, sucessor de Pedro: “Tu me amas? Apascenta as minhas ovelhas! Confirma teus irmãos!”
- Está presente de modo especial nos sacramentos e, de modo único, e excelente na Eucaristia!
Então, a presença de Cristo, graças à ação do Espírito, está em toda a Igreja, em cada um de nós. Por isso mesmo é toda a Igreja e a Igreja toda que é sacramento do Senhor Jesus!
No entanto, o Senhor Jesus, pelos seus próprios gestos enquanto viveu entre nós, inspirou sua Igreja a ver em sete momentos particulares, momentos de celebração, uma presença especial, intensíssima do Cristo, pela potência do Espírito. Estes sete momentos são o que chamamos sacramentos! Assim, chegamos aos nossos conhecidos sete sacramentos: Batismos, Confirmação Eucaristia, Penitência, Unção dos Enfermos, Ordem e Matrimônio. Lembre-se que o número sete significa na Bíblia plenitude. Pois bem: estes sete momentos celebrativos dão-nos, de verdade, na força do Espírito do Ressuscitado, a plenitude da graça, da vida que o Cristo recebeu do Pai na ressurreição! Por eles, nós vivemos intensamente a vida do próprio Senhor Jesus, sacramento do Pai!
No próximo artigo vamos estudar melhor o significado dos sete sacramentos: como Cristo os instituiu? Como entender este conjunto de sete gestos? Quem celebra os sacramentos? Para quê? Somente depois de compreendermos bem isto é que estudaremos cada sacramento em separado!

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