O Sacramento da Reconciliação - I

quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Vamos, agora, refletir sobre o sacramento da Reconciliação, também chamado de Penitência ou Confissão. Por este sacramento, o cristão recebe da misericórdia de Deus o perdão de seus pecados e, ao mesmo tempo, é reconciliado com a Igreja, à qual feriu com o pecado.
Para uma apresentação mais didática, vamos por partes.

O pecado naquele que já é batizado

O sacramento que apaga nossos pecados - já vimos isto - é o Batismo: “Fostes lavados, fostes santificados, fostes justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e nos Espírito do nosso Deus” (1Cor 6,11); “Todos vós, que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo” (Gl 3,27); “Se alguém está em Cristo, é nova criatura” (2Cor 5,17). Mas é verdade que mesmo após o Batismo, continuamos a experimentar a fragilidade própria da natureza humana e a concupiscência, isto é, aquele desequilíbrio que o pecado original deixou em nós. Como ensinou o Concílio de Trento, a concupiscência, em si mesma, não é pecado, mas vem do pecado e pode levar ao pecado. Por exemplo: o desejar algo errado é fruto da concupiscência. Se eu consinto e pratico o erro que pensei, caí no pecado; se eu resisto, não pequei: alcancei a vitória! A concupiscência é, então, ocasião para o combate e o prêmio! Assim, o cristão, apesar de ser uma nova criatura, não mais vivendo no pecado, experimenta ainda, no entanto, situações de pecado: “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós” (1Jo 1,8).
Estes pecados, cometidos por nossa fraqueza, não eliminam o dom do Espírito recebido no
Batismo, mas o bloqueia, já que nos fecham para Deus, que respeita a nossa liberdade. Esses pecados corroem nossa comunhão com Deus em Cristo e, conseqüentemente, com a Igreja, que é o corpo de Cristo: a comunhão com a Igreja (= com a comunidade dos irmãos em Cristo) é ligada à comunhão com Deus, de modo que se separar de Deus é separar-se dos irmãos e ferir a própria comunidade, que é a Igreja! O sacramento da Reconciliação é o modo que Cristo, nosso Senhor, estabeleceu para que recebamos o perdão e sejamos reconciliados com Deus em Cristo e com a Igreja.

A Igreja pode perdoar os pecados?

O pecado é uma ofensa a Deus; somente ele pode perdoá-lo! Jesus, que é Deus bendito, tem o poder perdoar os pecados: “O Filho do homem tem o poder de perdoar os pecados sobre a terra” (Mc 2,10). Este poder, ele concedeu a Igreja, para que o exerça em seu nome: “Tudo isso vem de Deus, que nos reconciliou consigo por Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação” (2Cor 5,18); “O que desligares na terra será ligado no céu, e o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,19); “Em verdade vos digo: tudo quanto ligardes na terra será ligado no céu e tudo quanto desligardes na terra será desligado no céu” (Mt 18,18). As passagens são claras: o Cristo, único que pode perdoar os pecados, deus à sua Igreja o poder de perdoar os pecados em seu nome! Ligar e desligar significa, na linguagem rabínica do tempo de Jesus, excluir da comunhão com Deus e com a comunidade (= ligar) e acolher novamente na comunhão com Deus e a Igreja (= desligar). Vale a pena, ainda, citar Jo 20,22s: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; aqueles aos quais retiverdes, ser-lhes-ão retidos”. Na potência do Espírito do Cristo ressuscitado, a Igreja continua a obra do Senhor Jesus de perdoar, em seu nome, os pecados. A Igreja não somente pode perdoar os pecados, como também pode retê-los (= não perdoá-los). Aparece, portanto, com clareza, que a Igreja recebeu esta autoridade por parte do próprio Cristo.
Continuaremos nos próximo tópico.

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