O Sacramento da Unção dos Enfermos - II

quinta-feira, 9 de setembro de 2010
No último artigo começamos a apresentar o Sacramento da Unção dos Enfermos. Estávamos também apresentando os fundamentos bíblicos de tal Sacramento: o sentido da doença no Antigo Testamento, o comportamento de Jesus para com os enfermos, o sentido das curas que ele realizou, bem como a ordem que deu a seus discípulos de curar os enfermos em seu nome.
Pois bem, a Igreja procura cumprir a ordem de curar os doentes (cf. Mt 10,8), dada por Cristo, seja cuidando dos enfermos, seja intercedendo por eles na oração, pois crê na presença vivificante de Cristo, médico do corpo e da alma. Ele está presente sobretudo nos sacramentos e, de modo especial, na Eucaristia, que serve de remédio até para o nosso corpo (cf. 1Cor 11,30). Mas a Igreja, desde os tempos doa Apóstolos conhecia também um rito próprio em favor dos enfermos, tal como nos diz a Epístola de São Tiago: “Alguém dentre vós está doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja para que orem por ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o doente e o Senhor o porá de pé; esse tiver cometido pecados, estes serão perdoados” (Tg 5,14-15). A Tradição eclesial, desde os primeiros tempos, reconheceu neste rito um dos sete sacramentos, tendo sua raiz na ordem do próprio Cristo de ungir e curar os doentes (cf. Mc 6,12s; Mt 10,8).
O que a Igreja ensina sobre a Unção dos Enfermos?
A Igreja crê e professa que existe, entre os sete sacramentos, um sacramento destinado de modo especial a confortar aqueles que sofrem provados pela doença, a Unção dos enfermos. O efeito deste sacramento é conferir o dom do Espírito Santo, simbolizado pelo óleo e a imposição das mãos. Aí o Espírito é dado como conforto, paz e coragem para que o enfermo possa suportar de ânimo sereno a sua doença e fragilidade, unindo-se ao Cristo no mistério de sua paixão, completando, assim, na sua carne, o que faltou à paixão do seu Senhor. Portanto, o sacramento da Unção ajuda a viver no momento da dor o próprio sacramento do Batismo, quando fomos unidos a Cristo na sua morte e ressurreição, bem como a prolongar na nossa existência o sacrifício do Cristo Jesus que comungamos no seu Corpo que partimos e no seu Sangue que repartimos! O fiel que sofre já não se desespera nem se amargura, pois sabe que está unido ao seu Senhor, sofrendo com Cristo para com Cristo reinar!
Ös Ç style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt" class="MsoNormal"> Assim, a Unção traz a cura do coração, isto é, da alma e, segundo a vontade de Deus, também do corpo: é o sacramento da saúde da alma e do corpo! Além do mais, é de grande consolo e ajuda, o fato de o enfermo experimentar a oração de toda a Igreja que por ele reza e a ele se une na sua enfermidade, intercedendo pela sua cura e libertação.
Quem deve receber este Sacramento?
Devem receber a Unção primeiramente aqueles fiéis católicos que se encontram num estado de doença grave e até mesmo em perigo de morte. Também aqueles que já se encontram num estado de certo perigo de morte devido à idade avançada. Neste caso, a sagrada unção os ajuda a viver a fragilidade da idade e os achaques da velhice com paciência, coragem e generosidade, participando dos sofrimentos do Cristo. Finalmente, aqueles fiéis que devam submeter-se a uma intervenção cirúrgica séria ou que traga risco de vida.
Este sacramento pode ser repetido na mesma pessoa, tantas vezes quantas sejam necessárias.
É importante observar que não se pode administrar o sacramento a uma pessoa que já esteja morta. Os sacramentos somente podem ser administrados aos vivos! Em caso de morte naquele momento, e se persistir a dúvida se a pessoa morreu ou se ainda está viva, deve-se, então, administrá-lo!
Quem é o ministro da unção?
Ministros deste Sacramento são os que receberam o sacerdócio ministerial, ou seja, o Bispo e os presbíteros (os padres). O primeiro responsável pela administração deste Sacramento é o pároco, que deve ter o cuidado de atender àqueles que o solicitam e até mesmo conscientizar os fiéis de sua paróquia para a necessidade de recebê-lo. Na impossibilidade de o pároco administrá-lo por algum motivo, pode-se e deve-se chamar um outro padre.
É também muito recomendável que alguns leigos da comunidade estejam presentes, pois é toda a Igreja que reza pelo enfermo.
Como se celebra a Unção?
Quer num hospital, na igreja ou em casa, a celebração da Unção é sempre um ato litúrgico e, portanto, comunitário. O ideal seria celebrar o Sacramento dentro da Celebração eucarística e depois de ter confessado o enfermo. Não sendo possível, celebra-se somente a Unção e, sempre que possível, dá-se a comunhão ao doente.
Quanto ao rito, a celebração começa com um ato penitencial, como na Missa, depois, uma liturgia da Palavra. A parte mais importante da celebração consta da imposição das mãos sobre o doente, suplicando a graça do Espírito e a unção com o óleo dos enfermos na fronte e na palma das mãos do enfermo. Este óleo é abençoado pelo Bispo na Missa do Crisma, na Quinta-feira Santa. Se o óleo não estiver abençoado, o padre pode abençoá-lo no momento da celebração do Sacramento. Após a unção, reza-se pelo enfermo e conclui-se com o Pai-Nosso.
O sacerdote deve administrar este sacramento como administra os outros: de túnica e estola branca ou de batina, sobrepeliz e estola. Se não é possível, que não use uma estola por cima da veste civil ou do clergyman – seria um abuso.
E o viático?
A palavra “viático” vem do latim “viator” (viajante). É a comunhão dada ao enfermo que se acha em grave perigo de morte. O ideal seria dar esta comunhão na Missa celebrada junto ao doente. No ato penitencial concede-se ao enfermo a absolvição de todos os seus pecados com uma indulgência plenária e, no momento da comunhão, o celebrante diz: “O Corpo de Cristo te guarde para a vida eterna”. O sentido é belíssimo: o Cristo faz-se alimento para aquele que viaja para a Casa do Pai, faz-se viático, alimento de viagem. Unidos a ele na Eucaristia, sabemos que seremos conduzidos à Vida Eterna.
Então, não se deve confundir o viático com a comunhão que os ministros extraordinários levam aos doentes. Quando o padre administra a Unção a um doente grave, é aconselhável que lhe dê a comunhão na forma de viático.
A Igreja ensina que todo fiel católico tem o direito e o dever de, antes da morte, comungar no Corpo do Senhor. Pena que isso ande meio esquecido!
Assim concluímos nossa apresentação da Unção dos Enfermos.

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